Deu a Louca na Chapeuzinho

Quando vi “Deu a Louca na Chapeuzinho” no cinema em 2006, a animação surgia como uma improvável concorrente com os grandes estúdios, já que contava com uma animação simples e até infantil se comparada aos filmes da época, como Happy Feet, por exemplo. Eu mesmo, só fui ver na Tela Grande porque era começo de namoro, não estava tão seletivo com os filmes (vi até Se Ela Dança, eu Danço, pra se ter uma ideia…). Mas a questão é que foi uma grata surpresa constatar que a baixa qualidade gráfica era compensada pela história divertida e cheia de conteúdo e que, se não chega a ser sensacional, pelo menos é boa o suficiente para manter a atenção do início ao fim da projeção.

Sendo assim, apesar do trailer pouco promissor, mantive uma certa expectativa com “Deu a Louca na Chapeuzinho 2” (Hoodwinked Too! Hood vs. Evil) e foi uma pena constatar que é uma das piores animações dos últimos tempos, ficando, inclusive, anos-luz atrás do fraco “Carros 2”, para se ter uma ideia.

Embora os quesitos técnicos tenham melhorado consideravelmente se comparados com o primeiro filme, podemos dizer que devido ao nível de animações que são lançadas todo ano, qualidade gráfica é uma obrigação de qualquer obra que deseje ser levada em consideração.

Ainda comparando com o primeiro filme, não se pode dizer o mesmo da história e do desenvolvimento da narrativa. Recheada de clichês, com personagens desenvolvidos precariamente e vilões que ultrapassam o limite do ridículo, faltam palavras para descrever o quanto a animação é decepcionante, patética e mancha o ótimo resultado conseguido no anterior.

Investindo em tramas ruins como Chapeuzinho querendo provar o seu valor, o Lobo sentindo-se ultrapassado com seus disfarces, a Bruxa que tem inveja da Vovó e o “grande mistério” por trás dos vilões do filme (que pode ser descoberto no trailer ou nos primeiros minutos), o longa transforma-se numa colagem de clichês que não funcionam e ainda o tornam mais longo do que o necessário e, por que não dizer, do que o suportável?

Estabelecido como uma comédia completamente sem graça, já que causa no máximo um ou outro sorriso de canto de boca em não mais do que três ou quatro cenas, “Deu a Louca na Chapeuzinho 2” é a prova máxima de que algumas histórias deveriam permanecer sem continuação e que a beleza das imagens não pode salvar uma história pífia, sem criatividade e nem um pouco inspirada.

Texto escrito como cortesia para O Jundiaiense.

Animação 2D – Roteiro

Antes de iniciar uma animação (ou qualquer outro tipo de projeto) é necessário elaborar um roteiro. Ele vai servir para indicar o rumo do projeto, deixando praticamente acertado o início, o meio e o fim, além das cenas, diálogos e indicações técnicas.

Isso não quer dizer que o roteiro tenha de ser imutável. Ele poderá sofrer adaptações ao longo do projeto devido a vários fatores, mas a idéia básica tenderá a permanecer a mesma.

O segredo para se produzir um bom roteiro é ser bastante claro na idéia que se quer passar para o espectador. O objetivo é causar algum tipo de reação no público, e para isso deve-se chamar a atenção, surpreender e emocionar a platéia.

Mas isso foge do nosso assunto do momento, afinal, não queremos falar aqui sobre o tema da história e sim sobre como produzir e trabalhar um roteiro.

Primeiro, com a ideia em mente, o recomendado é botar no papel (ou no micro, que seja) e fazer um esboço, comumente chamado de Argumento. Se você for produzir o trabalho todo sozinho (o que é pouco provável, mas possível), não vai ter maiores problemas pra partir pro roteiro detalhado. Caso trabalhe com outras pessoas, um brainstorm ou uma reunião para definir alguns detalhes da história podem ajudar.

O roteiro detalhado é um pouco mais complicado.  O ideal é detalhar cada cena, descrevendo a câmera (juro que tem um nome técnico pra isso, mas não me lembro agora e nunca fui bom para decorar esses detalhes, nem quando fiz meu curso de roteiro em quadrinhos), a posição dos personagens, o cenário e as falas (se houver) de cada um. Exemplo:

Cena 1 – Plano médio. Sala de estar. Menininha carregando seu peixinho dentro de um aquário e correndo chamando pelo pai “Papai! Papai!”.

Depois de descrever as cenas, você pode optar por fazer um storyboard, que nada mais é, falando de forma simplificada, do que um esboço em desenho da história, como uma história em quadrinhos.

Todos os passos são importantes e nos casos de roteirista e animador não serem a mesma pessoa (maioria dos casos), todos esses procedimentos ajudam a desenvolver a história conforme imaginado e de forma mais eficiente.

Clique aqui para conferir outras fases de um projeto de animação 2D.

Animação 2D – Cenário

Um detalhe que não costumamos reparar muito nas animações são os cenários, já que na maioria das vezes a atenção se volta mais para os personagens e suas ações, bem como para a história.

No entanto, belos cenários enriquecem muito a qualidade da animação, e muitas vezes escondem pequenos easter eggs dos animadores, como Continuar lendo